Para Refletir

A família é a primeira unidade integradora e responsável pelo desenvolvimento social, emocional, cognitivo, tendo como responsabilidade a formação inicial da personalidade do indivíduo.

A chegada de uma criança com deficiência pode trazer grandes impactos na vida de todos. A forma como ela será recebida neste lar trará grande influência na vida desta pessoa, em seu desenvolvimento de forma geral.

Junto com o início da gestação surgem muitos sonhos, planos sobre este filho que está a caminho. Mesmo que em um futuro distante muitas destas idealizações não se concretizem, a chegada de um filho com deficiência faz com que ocorra uma mudança abrupta de todo este planejamento. Com isso, a família passa a ter de lidar com sentimentos que se assemelham à perda, passando por um processo de “luto”. É fundamental passar por este período, enfrentar estes sentimentos para que possa se reorganizar e transformar toda esta angústia em força.

Um fator que influenciará em como esta criança será recebida, é como as informações são passadas para a família, já que a falta de comunicação pode aumentar as dúvidas e incertezas frente a este filho.

Para Buscaglia (1993) a criança aprende sobre o mundo por meio dos membros familiares, mesmo que de modo inconsciente. Se o padrão predominante é o medo do mundo, provavelmente a criança crescerá medrosa. Com isso fica claro como é fundamental que ocorra uma organização em todos os indivíduos pertencentes ao grupo familiar para um desenvolvimento sadio desta criança.

Com a chegada desta nova pessoa o grupo familiar se vê obrigado a se reconstruir, passando a assumir novas funções, assim se ajustando a este novo estilo de vida. É neste momento em que surgem alguns conflitos e angústias. É neste momento em que uma intervenção externa é necessária.

Nestes momentos as pessoas envolvidas vivenciam diferentes sentimentos, contraditórios. Tais como: culpa, negação, inferioridade, confusão, raiva, negligência, questionamentos de crenças religiosas.

Em algumas situações, muitos pais sentem-se culpados por sentir raiva, culpa e acabam superprotegendo seus filhos, o que também é uma reação esperada. Mas isto também pode prejudicar seu filho, deixando ele mais dependente de seus familiares. Estas reações são comuns e fazem parte da elaboração do período de “luto”. É importante que estes sentimentos sirvam de impulso positivo para a mudança, a perpetuação destas reações pode trazer grandes danos à vida de todos os envolvidos.

Este não é um processo fácil, nem rápido, mas irá trazer consequências grandiosas na vida de todos, e em muitas situações uma mudança efetiva não irá ocorrer sozinha. É neste momento em que o psicólogo entra na situação.

Em nossa instituição (Apae de Santo André) realizamos um trabalho com as famílias. Por meio de orientações, escutas e grupos terapêuticos são trabalhadas as temáticas trazidas por elas, propiciando um apoio e fortalecimento dos envolvidos, permitindo assim uma elaboração deste processo e uma reorganização do grupo familiar.

Referência:

BUSCAGLIA, L. Os deficientes e seus pais: um desafio ao aconselhamento. Ed. Record, Rio de Janeiro, 1993

Escrito por Helena Carniel Claudiano

Psicóloga APAE Santo André

Helena Carniel Claudiano

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