Para Refletir

Com o intuito de reforçar o sentimento de altruísmo entre os brasileiros, foi criado o Dia da Caridade no Brasil, oficializado com a Lei nº 5.063, de 4 de julho de 1966, decretado pelo então presidente Humberto Castelo Branco.

O Dia da Caridade é comemorado anualmente em 19 de julho.

Esta data tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a prática e difusão da solidariedade, como um meio para desenvolver um bom entendimento entre todos os seres humanos.

Caridade é um termo derivante do latim CARITAS (afeto, amor) que tem origem no vocábulo grego CHÀRIS (graça). Amor de Deus e do próximo, benevolência, bom coração, compaixão. Sentimento ou ação altruísta de ajuda a alguém sem busca de qualquer recompensa, pois ajudar o outro por pena é colocar-se em situação de superioridade ao outro, dar esmolas ou fazer o bem somente para ter algo em retribuição.

A prática da caridade é notável indicador de elevação moral e caracteriza a essência boa do ser humano.

"Nós temos de fazer tudo para que todos tenham igualmente seus direitos reconhecidos e a sua oportunidade de vida. Todos, sem distinção, todos os seres humanos. A caridade vai nessa direção. E isso é ética. Ética é reconhecer a dignidade do ser humano e agir segundo a dignidade inviolável de cada ser humano. E a caridade ainda inclui justiça social, solidariedade e tudo aquilo que ajuda a promover as pessoas, a libertar as pessoas de todas as suas opressões. No entanto, a justiça sozinha não consegue cuidar das pessoas. Porque a justiça cobra, mas, por essência, não perdoa. A caridade perdoa". (Trecho do discurso do Cardeal Dom Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo, durante a conferência entitulada  “Ética e Solidariedade - o verdadeiro conceito de caridade cristã”, em 2002).

A formação do caráter e da personalidade de uma pessoa passa, necessariamente, pela construção de valores morais, éticos e religiosos. E essa construção é baseada nos exemplos e ações de respeito, gentileza, amor e empatia. A caridade abrange o aprendizado do amor a Deus, do amor ao próximo e do amor a si mesmo.

Em grego, a palavra amor aparece de três formas , uma delas é o centro da ética e da espiritualidade cristã.

EROS = amor erótico de um homem para uma mulher, carregado de afetividade. (na maioria das vezes é o que usamos para estabelecer o que é amor) . Eros = casal – inclui relação sexual = ambos recheados de afetividade.

PHILIA = gostar de alguma coisa (filatelia , filosofia) também muito ligado à afetividade , é sentir-se atraído por alguém ou algo (também muito usual no nosso amor atual) . Fileo = amigo sem relação sexual.

ÁGAPE, amor de Deus, somos convidados a ter com o próximo a atitude de Deus, é um grande desafio. O amor os identificará.. Além do racional entra a . Talvez o mais parecido do amor de Deus é o amor de mãe, mesmo assim longe do amor divino. Nós gostamos muito de valorizar as pessoas pelos seus méritos porém, Deus nos ama não pelos nossos méritos (não pelo que rezamos, pelo que fazemos , se somos bons ou maus, se cumprimos a lei e a sua vontade ou não) – simplesmente nos ama por sermos seus filhos, independente do que fizermos (Mt 20,1-16 = trabalhadores da vinha). A mãe não ama seus filhos pelo que eles fazem, ama-os por existirem. Nós amamos as pessoas que nos estão mais próximas que são simpáticas a nós, que são bonitas, agradáveis , nosso amar está infectado pela afetividade (philia – Eros). Deus não , ama cada um de seus filhos independente do que são inclusive “os piores” (Lc, 6,27 – 35). A mãe de um bandido ama-o apesar de tudo o que ele fez.

É através de valores como a caridade, que abrange o amor em todas as suas formas, que podemos resgatar e fortalecer a essência humana e divina que existe em cada um de nós. A prática da caridade consiste em concretizar em palavras, gestos e ações humanitárias esse amor, de forma a abranger o maior número de pessoas possível, formando uma corrente única de afeto e respeito e nos aproximando cada vez mais um dos outros, em nossa humanidade.

Desenvolver o hábito de olhar o outro, em sua essência, em sua beleza e em sua dor, colocar-se no lugar deste e ajudá-lo a se reerguer, requer disponibilidade, paciência e cuidado. E é só através da prática constante deste exercício de empatia que podemos adquirir ferramentas internas que nos permitirão vivenciar a caridade.

Escrito por Andrea Garcia Romani de Lemos

Psicóloga

Andrea Garcia Romani de Lemos

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