Para Refletir

Doença mental e sociedade

Um dos nossos projetos acolhe um público caracterizado, em sua maioria por doenças mentais graves como a esquizofrenia. Mas, quando falamos em doença mental, podemos ampliar nossa visão. A esquizofrenia, as psicoses e outras doenças mentais graves são caracterizadas por alucinações, delírios diversos e rupturas com a realidade. Quando não tratadas adequadamente podem levar a surtos, crises que se manifestam em comportamentos bizarros, falas desorganizadas e atitudes agressivas. Geralmente o diagnóstico é feito após a primeira crise, por um médico psiquiatra. O tratamento é contínuo e inclui o uso de medicações específicas, cujas dosagens são variadas com o passar do tempo e as manifestações dos sintomas, além de terapias ocupacionais, artesanato, dança, música, esportes, jogos, atividades físicas, oficinas que desenvolvem a autonomia, aprendizagem de novas habilidades e produtividade . Uma pessoa com doença mental grave, diagnosticada e tratada adequadamente pode realizar atividades cotidianas, ter sua autonomia e ser inserida no mercado de trabalho. Algumas vezes, esquizofrẽnicos diagnosticados tardiamente apresentam um maior número de limitações, devido ao número de crises/surtos pelos quais passou. Em cada crise/surto, um grande número de conexões neuronais é perdida, gerando danos cerebrais permanentes. Quanto maiores as limitações e dificuldades, maiores as dependências e exclusões. No caso da esquizofrenia, também é importante estarmos atentos com sua maior prevalência em famílias com histórico de doenças mentais.

Historicamente a segregação e isolamento de pessoas com doenças mentais sempre aconteceu, sendo comum famílias com boa situação sócio-econômica internarem seus familiares em manicômios, longe das vistas da sociedade. Enquanto que, doentes mentais sem uma estrutura familiar e sem condiçoes sócio-econômicas vagavam pelas ruas, abandonados à sua própria sorte.

Mesmo depois da extinção dos manicômios (luta antimanicomial) e com maiores possibilidades de tratamento em instituições públicas para tratamento, o processo de inclusão de doentes mentais na sociedade ainda está em construção, sendo muito comuns atitudes de preconceito por falta de informações e condicionamento de comportamento exclusivo através da história.

Outra doença mental grave, muito recorrente na atualidade, é o Alzheimer, um tipo de demência bastante limitante, acompanhada de perdas neuronais e dificuldades de memória, atenção, concentração, perda de noções temporais e espaciais, agressividade e confusão mental.

Depressão e ansiedade, também muito atuais, são doenças mentais que apresentam níveis diferentes. Em níveis leves, passam despercebidas facilmente em nosso dia a dia, como sentimentos de de tristeza ou agitação pontuais. Porém, quando não tratadas, podem levar a crises graves (na depressão chegando até a pensamentos suicidas e na ansiedade chegando a crises de pânico. O estresse pode ser um dos fatores desencadeantes de doenças mentais como a ansiedade e depressão, assim como outras manifestações psicossomáticas (doenças).

Ao nos questionarmos sobre os motivos que levariam a esse aumento significativo de diagnósticos de doenças mentais, encontramos entre os principais fatores a perda de qualidade de vida, aumento dos níveis de estresse, diminuição da capacidade em lidar com frustrações e a fragilidade emocional em que a sociedade se encontra.

Todas as pessoas, em algum momento de sua vida, podem apresentar sintomas relacionados à doenças mentais.

Porém há uma forte tendência a considerar como doença mental apenas casos graves de esquizofrenia ou psicoses, devido aos sintomas como alucinações, falas desconexas, agressividade e comportamentos bizarros.

O auto conhecimento, psicoterapia e terapias ocupacionais auxiliam muito para o equilíbrio, estabilização do humor e bem estar.

Na atuação de prevençao e tratamento de diferentes transtornos mentais e reintegração social e familiar dos pacientes, existem diversos programas, desde CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), NAPS (Núcleos de Atenção Psicossocial), até grupos específicos como os ambulatórios e programas especializados da USP| (www.ipqhc.org.br).

Escrito por Andrea Garcia Romani de Lemos

Psicóloga

Andrea Garcia Romani de Lemos

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