Depoimento
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- Publicado: Domingo, 01 Outubro 2017 às 21:00 h
Tive três casamentos. O primeiro foi quando fui num baile, no Sapeca. Chegando lá, primeira noite que fui lá, encontrei a Sueli, que foi a minha esposa. Aí a gente se gosto, tudo, casei, vivi com ela 15 anos, tive uma filha, essa filha tá grande. Aí eu fiquei viúvo com uns 42 anos. Ela tinha uns 41 quando morreu, deu derrame cerebral. Aí fiquei sozinho. Ficamo casado uns 15 anos. Aí depois eu conheci outra pessoa, uma tal de Amélia, só que ela era meia “usada”, meia coroa, ela tinha filhos, aí eu fui morar com ela também. Ela também gostava de baile. A gente ia num baile na rua Suíca, lá, que se chamava Desmanche. Fiquei com ela uns 8 anos também. Aí ela, pela idade dela, pelo sofrimento também, acabou indo embora também, acabou morrendo. Aí eu fiquei sozinho, qué dizẽ, sozinho não, fiquei com a minha filha. Aí eu fiquei com a menina, a menina tava com uns 10 anos. Aí eu cuidei dela até os 16 anos, só que eu não bebia e não fumava. Aí ela começou a ir pra escola, estudar a noite, conheceu um rapazinho, começou a vir meio tarde embora, fiquei meio provocado, tinha que trabaiá, deixa a menina em casa, falei, num vô fazê isso. Aí ela tem uma irmã, que não é minha, é da minha primeira esposa. Aí ela pegô e foi morá com a irmã dela, com 16 ano. Ela falô Aí pai, cẽ vai se arrependẽ...ficou uns 5 ano sem falá comigo. Um dia eu tinha chegado em casa meio chapado, tinha tomado umas cerveja e botei os dois logo pra corre. Fiquei por aqui, fui morar no albergue novamente. Fiquei no albergue mais ou manos uns 2, 3 ano. Comecei a bebê muito, e a vida cada vez afundando mais. Aí tem uma prima minha que mora em Capuava, ela tinha comprado uma casa em Mongaguá, lá na praia, aí ela me chamô pra morá com ela. Falei ah, vamô, né? Num custa...tô aqui no albergue memo. Peguei, já fui lá pra Mongaguá. Lá eu entendia de padeiro, eu sô padeiro. Aí eu peguei e comecei a trabaiá lá. Trabaiei nos mercado lá, tudo. Aí, andando lá em Mongaguá, que é uma cidadezinha, conheci a Alice, aí fiquei ca Alice também, uns 8 ano. A gente moro em Mongaguá uns 2 ano. Aí que eu comecei a bebê mais. Aí ela vendeu a casa lá, né, e nóis subimo, fui mora perto da casa das filha dela, , aí eu já num bebia mais. Num bebia e num fumava. Fiquei uns 5 ano com ela, na Cidade Tiradentes. Mas daí eu vi que aquele casamento que eu fiz a terceira vez já num existia nada entre a gente. Era somente uma amizade, sei lá. Num quiria nada cum nada, tudo o que eu ganhava eu colocava dentro de casa, uma época tive dinheiro até pra comprá um carro. Comecei a reformá o apartamento que ela tem, na Cidade Tiradentes, colocá janela de alumínio, porta, tudo, com o dinheiro que eu tinha guardado. Aí eu comecei a pensá bem, falei, qué sabe de uma coisa, eu vô embora. Vim embora pra Santo André.
Aí fui no albergue outra vez. Num tinha nada, deixei minha roupa, tudo lá. Fiquei no albergue mais ou menos uns 5 mês. Aí fui morar lá no Miami, fiquei uns 5, 6 meses lá, com o padre, trabalhava na padaria lá, também, fazia pão pra turma lá. Eles não quiria que eu fosse embora, daí a minha esposa foi me buscar novamente. Fez minha cabeça, eu peguei e fui embora outra vez. Fiquei lá em Mongaguá. Aí a filha dela ofereceu uma casa pra gente no Tucuruvi. Fui mora lá com ela. Aí eu não achei legal mais, num dava mais certo, peguei e me mandei outra veiz. Pior que eu não bebia e não fumava. Aí quando eu me vi sozinho, comecei a bebe e fumá outra veiz. Faz 2 ano e poco que eu tô bebendo e fumando. Qué dizẽ, agora eu parei outra vez. Tem 1 no que eu num bebo. Ela veio umas 2, 3 vezes me buscar aqui ainda, mas eu num quis mais. Falei, vô sai daqui que eu tô bem, vô pra outro lugar que eu nem conheço mais. Chega, num quero mais não. Tõ sussegado.
João de Campos Morador Casa Mais Vida Santo André |