Depoimento
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- Publicado: Domingo, 31 Julho 2016 às 14:00 h
Antes de iniciar nossa história, gostaria de dizer que você que optou pela adoção terá a oportunidade de vivenciar uma das maiores e mais significantes emoções que um ser humano pode experimentar ao longo de sua existência. A adoção é antes de tudo uma grande experiência de amor, prepare-se para amar muito!
A adoção envolve de maneira muito intensa toda a família e os parentes mais próximos. Em nosso lar, eu, Willian; Rosinei, minha esposa; e nossa filha, Gabriella. Vamos lá!
Em 2005, perdemos nosso filho Guilherme de forma muito traumática e, a partir daí, sentíamos que o nosso lar estava incompleto, faltava alguém. Começamos a gostar da ideia da adoção, mas achamos que seria importante amadurecê-la muito, até termos a certeza de que não se tratava de uma substituição do filho querido que se fora.
Somente muitos anos depois, quando não havia mais dúvida, e a mesma vontade de aumentar nossa família, demos início ao processo formal de adoção, através de um cadastro na Vara da Infância e Juventude da Comarca de Santo André. É fundamental para os futuros adotantes que o façam de forma legal, de modo consciente e visando proteger da melhor maneira possível a criança que receberá um novo lar.
Quanto ao processo de adoção tínhamos muitas dúvidas, mas a certeza e o desejo de aumentar nossa família era certo, pois no nosso lar havia espaço para expandir o nosso amor. As dúvidas eram as mais diversas. Como será nosso filho? Quais serão as suas necessidades? Como devemos proceder? Como é este processo de adoção? Quanto tempo demorará?
Durante o processo de adoção, os pais adotantes passam por várias entrevistas no setor técnico (psicólogos, assistentes sociais e até com a própria juíza responsável) e esta equipe, além de avaliar se a família, naquele momento, está realmente preparada para a adoção, orienta os futuros papais. Assim, pouco a pouco, as dúvidas vão diminuindo.
O mais angustiante, certamente, é a espera, que pode ser de alguns anos inclusive. No grupo da adoção nos deparamos com muitos casais ansiosos pelo filho querido. As maiores angústias estão relacionadas ao fato de saber que, em breve, seu filho chegará e como recebê-lo com muito amor. Realmente, mostrar a ele que agora faz parte de uma família que o amará muito.
Na medida em que o tempo passa as expectativas vão aumentando e aquele frio na barriga vai nos dando a sensação que nosso filho chegará em breve. Após aproximadamente três anos do início do processo, minha esposa recebeu um telefonema da Vara da Infância, que mudou para sempre nossas vidas.
“Olá, vocês são os próximos da fila de pretendentes à adoção! Gostariam de conhecer um bebê? É uma menina!”
Nesse momento, as sensações são indescritíveis, um momento decisivo, você gela da cabeça aos pés!
Três dias depois do nosso “sim”, estávamos diante da nossa Manuela, acompanhados pela equipe técnica da Vara da Infância e da Juventude. Ficamos com ela por cerca de trinta minutos. Manuela, de apenas quatro meses, em nossos braços, meu, de minha esposa e de minha filha mais velha. Aquele bebê tão pequeno e indefeso! Ela se manteve firme, fez um biquinho pra chorar diante daquelas pessoas estranhas, mas segurou o seu choro diante de nós. É claro que não podemos dizer o mesmo.
Dez dias depois, com a guarda provisória em mãos, finalmente fomos até o Lar São Francisco, coincidentemente na mesma rua em que morávamos. Ali, tivemos um dos momentos mais importantes e emocionantes de nossas vidas: encontramos definitivamente nossa filha Manuela. Desta vez, ela olhou para nós com um olhar fraternal e esboçou um sorriso maravilhoso. Neste momento, aquele bebê tornava-se nossa filha, nossos corações se fundiram e vivenciamos uma das maiores experiências para o ser humano: o amor fraternal, o amor sem vínculos anteriores, o amor puro, o amor verdadeiro!
Hoje ela já completou três anos, é uma menina sapeca, feliz e brincalhona. Corre atrás do papai o tempo todo. “Papai vem brincar! Papai vem brincar!” Sou realmente um pai babão, sinto que, por ela, moveria montanhas. Pai biológico ou pai adotivo, isso é apenas um mero detalhe que não tem a menor importância. O amor que sentimos por Manuela é tão grande que transborda e transcende. O dia é mais bonito pelo simples fato de Manuela existir, meu coração bate ansioso por encontrá-la após a jornada de trabalho. Enfim, nossa Manuela é um presente de Deus, não poderíamos imaginar nossas vidas sem ela. É como se ela sempre estivesse conosco.
Como disse Exupéry no famoso clássico O pequeno príncipe, “tu te tornas eternamente responsável pelo que cativou”. Manuela nos cativou, é a nossa filha amada.
José Willian Costa Professor |