Cidadania e Inserção Social
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- Publicado: Terça, 31 Mai 2016 às 14:00 h
População em situação de rua. Um aspecto comum na vida de nossos irmãos: uma sociedade que privilegia o dinheiro em detrimento do amor ao próximo.
Conhecido no senso comum como morador de rua, existe um grande contingente de pessoas que sobrevivem diuturnamente nas ruas. Não tem um lar.
Os motivos que levam pessoas às ruas são por vezes diversos, mas em comum existe um, que é a exclusão da sociedade.
Esta exclusão acontece por vivermos em um sistema econômico chamado capitalista, que tem como valor maior o dinheiro. Sua lógica principal, baseia-se em acumular e reter capital, não se importando com meio ambiente e até mesmo com a vida e a dignidade das pessoas. Em última análise o que importa é ganhar dinheiro e bens a qualquer custo, não se importando com o ser humano. Pessoas podem sofrer qualquer tipo de violência e morte, que para o atual sistema pouco ou nada importa. Não é a toa que Papa Francisco em suas encíclicas, pronunciamentos e documentos tem posicionado claramente contra este sistema.
Como isto se materializa na cotidiano e leva uma pessoa a viver nas ruas?
Você já ouviu falar de alguém que tem o sonho da casa própria? Alguém que deseja apenas ter um emprego para sustentar a família? Alguma pessoa que diz: preciso apenas de uma oportunidade?
É bastante provável que sim.
Estas pessoas que não conseguem isto, são fracassadas, fracas e portanto merecem este tipo de vida? A julgar pelos valores da sociedade que vivemos, sim.
Mas e para nós, é isto mesmo? Estas pessoas merecem isto?
Obviamente que não. E negar estes valores, não é apoiar vitimização, mas sim, reconhecer o mundo que vivemos e ter firmeza em defesa da vida e dos direitos humanos, indo contra a lógica que prega o dinheiro acima da vida.
Se algumas pouquíssimas pessoas tem grandes concentrações de terra, de casas, de bens materiais em detrimento de muitas outras, a conta não fechará. Haverá falta de emprego, comida, moradia, atendimento básico a saúde, educação, segurança, justiça, etc. Agora imagine isso, numa sociedade onde o ter é mais valorizado que o ser.
Isso acaba gerando uma pressão imensa para a maioria da população e, algumas buscam a fuga nas drogas, principalmente no álcool. Não aguentam esta dura realidade e uma série de desdobramentos sistêmicos - são sistêmicos pois seguem um padrão - como conflitos familiares, sociais, perda de dignidade e violência começam ocorrer. Estas mazelas sistêmicas, resultam no rompimento dos vínculos sociais e de convívio familiar que tinham até então. Vão para as ruas.
Se procurar relatos de pessoas que vivem em situação de rua, verá que sempre tem uma história de violência, seja física, emocional ou sexual. Ou seja, um padrão de acontecimentos que geram um resultado: exclusão, abandono, perda de dignidade e morte.
E, infelizmente isto tem aumentado. Dados recentes mostram que a população em situação de rua tem aumentado muito, seja por questões de guerra ou até mesmo pelo fracasso do sistema capitalista nas ditas democracias modernas.
Como se pode ver abaixo, uma rápida pesquisa nos noticiários denunciam uma verdadeira dramaticidade com seres humanos, que são nossos irmãos:
"Los Angeles decreta emergência após aumento drástico de moradores de rua"
BBC Brasil em 08/10/2015
(http://www.bbc.com/portuguese/videos_e_fotos/2015/10/151008_los_angeles_sem_teto_lgb)
"Aumento de moradores de rua preocupa população de Resende,RJ"
G1 (Globo) em 10/04/2015
(http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2015/04/aumento-de-moradores-de-rua-preocupa-populacao-de-resende-rj.html)
"Crescimento da população de rua gera conflitos na zona oeste de São Paulo"
Agência Brasil (EBC) em 14/01/2016
(http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2016-01/crescimento-da-populacao-de-rua-gera-conflito-na-zona-oeste-de-sao)
"Campinas se prepara para o aumento de moradores de rua como reflexo da crise econômica"
CBN Campinas em 08/04/2016
(http://www.portalcbncampinas.com.br/?p=136492)
"NY tem 356% mais moradores de rua que SP"
28/10/15 em Bandeirantes
(http://noticias.band.uol.com.br/cidades/noticia/100000778485/ny-tem-356-mais-moradores-de-rua-que-sp.html)
Existem duas maneiras de atuar no combate a esta situação: a primeira, é na consequência, como fazemos na Casa Mais Vida em Santo André, onde acolhemos adultos e idosos que estavam nas ruas; a segunda, é na causa, que podemos enfrentar nos organizando em grupos e movimentos que desejam justiça social, combatendo um sistema injusto, gerador de exclusão. Cidadania, inserção e participação na sociedade ataca as causas que levam as pessoas para situação de rua.
Não tenhas medo de denunciar sistemas de opressão e anunciar soluções. A vida plena de muitos poderá vir da doação e dedicação de nosso tempo as grandes causas humanitárias!
Escrito por Daniel M. Lima
Diretor do IMA e Membro no CNLB